Que tempo bom aquele em que sempre tinha alguém na família, um tio, um avô, que convidava a parentada, e principalmente as crianças, para passar as férias na praia. E como acontecia todos os anos o pessoal ia chegando e quando menos se esperava a casa estava cheia de primos, tios, tias e amigos.
Geralmente era uma casa de madeira com um grande gramado para brincar e umas árvores maiores ainda para garotada subir e cair. Claro, alguém sempre caía. Já era meio que natural, até mesmo programado, algumas mães e a avó cuidavam da comilança, que não era pouca, com aquele exagero de sempre e muito gostosa.
A criançada corria para a praia e só saía da água, ou parava de fazer castelinhos sobre a fúria de umas das mães aos gritos chamando para comer, almoçar ou jantar. Era esse o ritmo. Na hora de dormir era uma fileira de colchões e todas as crianças que somavam umas 10 a 15, iam se ajeitando. O mais sortudo ficava com o colchão debaixo da mesa, praticamente uma suíte.
No início da semana alguns pais voltavam para trabalhar e as crianças permaneciam na praia. Ficava também uma tia mais rígida que colocava os mais travessos na linha, e como não podia faltar tinha aquela que incentivava as brincadeiras e até ajudava a se safar das broncas.
As crianças mais branquinhas ficavam como um camarão nos primeiros dias e para amenizar as queimaduras era feito uma receita caseira com vinagre e trigo e a criança era untada por inteiro. No outro dia mesmo que o corpo estivesse doendo, jurava-se de pé junto que não doía mais, para assim poder ir à praia.
Aos domingos geralmente fazia-se churrasco e a função era dos homens, mas mesmo assim as mães estavam na cozinha e sempre arranjavam alguma coisa para fazer, porque mãe é mãe.
Não havia tempo ruim, e também do que se iria reclamar, tinha-se tudo que precisava: um canto para dormir, a melhor comida do mundo, areia, água, e a inocência da infância.
Férias assim não existe mais, não temos mais um monte de primos e quando vamos para praia é cada um na sua casa ou apartamento. E posso dizer que mesmo quem não passou por férias assim, consegue até sentir saudades de um tempo que não vai voltar mais.